A educação financeira aprende-se. Quando e como começar?
A educação financeira não é uma capacidade inata, pelo que necessita de ser trabalhada e
aperfeiçoada ao longo da vida. Como tal, deve começar a ser desenvolvida desde muito cedo, ainda na infância, por volta dos três anos de idade.
Extremamente curiosas e sempre dispostas a aprender tudo e a experimentar novas situações, é nesta fase que começam a pedir coisas, pelo que já se consegue ensinar várias questões relacionadas com o dinheiro.
Assim, pode começar a mostrar o que é caro e barato, assim como a diferença do que se compra por necessidade e por impulso. É neste momento que pais e professores podem fazer as crianças compreender que não se deve desperdiçar dinheiro.
E, porque o processo de aprendizagem das crianças é, em grande parte, baseado na imitação dos adultos, importa aqui salientar que é fundamental que exista coerência entre o que os pais ensinam e o que fazem.
PERFIS FACE AO DINHEIRO
Identifique o perfil financeiro das crianças e saiba como lidar com elas.
Independentemente do contexto familiar em que vivemos temos, desde sempre, um perfil definido em relação ao dinheiro. Os educadores devem identificar o perfil das crianças e trabalhá-lo de modo a alcançar o equilíbrio. Por exemplo, uma pessoa gastadora tem de trabalhar a parte da poupança e a preocupação com os gastos. Já os pedinchões devem trabalhar a negociação e a capacidade de doar.
Gosta de acumular dinheiro, de poupar e de ver as moedas a aumentar dentro do mealheiro. A capacidade de doar ou partilhar pode vir a ser um problema para este tipo de crianças. Para equilibrar, leve a criança a gastar em algo que gosta e valoriza, mostrando-lhe que mais importante do que poupar é saber gerir o dinheiro.
Recusa-se a dar atenção ao dinheiro porque percebe que lhe trará mais responsabilidade. Será aquela criança que atribui sempre a responsabilidade financeira aos outros. Para equilibrar ajude-o a fazer contas e a perceber onde gasta o dinheiro e para que quer poupar.
Vê uma oportunidade de negócio em todas as situações e tenta sempre multiplicar o seu dinheiro. O desafio é ajudar a criança a desenvolver o sentido de ética em relação ao dinheiro e aos negócios. Para equilibrar deve mostrar à criança que mais importante do que o lucro é o propósito do negócio.
Assim que tem dinheiro gasta-o, uma vez que isso lhe dá gozo. Pode ser problemático se tiver dificuldades em controlar-se e gastar mais do que ganha. Para equilibrar deve ajudar a criança a tomar consciência do que o motiva e do que o faz sentir-se poderoso.
Preocupa-se com o dinheiro, gosta que lhe sobre sempre e escolhe sempre o que é mais barato. No futuro pode tornar-se egoísta e ter dificuldade em ser generoso com os outros. Para equilibrar deve ser ensinado a doar, estabelecendo relação afetiva e positiva com a instituição para a qual está a fazer o donativo.
Empresta ou dá o seu dinheiro permanentemente, mas tem dificuldade em dar atenção a si própria e aquilo de que precisa. No futuro pode ter dificuldade em poupar ou em dizer não aos outros. Para equilibrar a criança deve ser ensinada a valorizar-se e a dar mais atenção a si própria.
Insatisfeita, que quer sempre. Pode sofrer em criança e até mesmo em adulto, quando a sua tática deixar de funcionar. Para equilibrar é necessário ajudar a criança a ver o que precisa realmente.
Dois instrumentos de educação financeira. Para que servem?
As semanadas e as mesadas são dois instrumentos que devem ser usados na educação financeira das crianças. Uma semanada ou uma mesada não é mais do que a entrega às crianças de um montante para gerir durante uma semana ou um mês. Esta responsabilidade dá-lhes noção dos seus limites de gastos e obriga-os não só a distinguir necessidades de desejos, mas também a tomar as decisões sobre as suas despesas, vivendo as consequências das suas escolhas financeiras e aprendendo com os seus erros.
A introdução destes instrumentos aporta muitas vantagens, tanto para pais como para filhos. Às crianças e aos jovens, proporcionam-lhes um desenvolvimento das competências financeiras, da autonomia, da responsabilidade individual, da distinção entre necessidades e desejos e ainda do controlo de impulsos para gastar. Aos pais, além de pouparem nas compras avulsas porque os mais pequenos começam a ser responsáveis pela gestão do seu próprio dinheiro, é muito mais fácil educar os filhos financeiramente. A aprendizagem pela experiência é mais benéfica e imediata.
Erros a evitar
Para não gerar conflitos entre pais e filhos, conheça os cuidados a ter.
Se forem mal doseadas pelos pais, as semanadas e as mesadas podem tornar-se fonte de conflito. Aqui ficam algumas dicas para o correto uso destes instrumentos financeiros:
IDADES ACONSELHADAS
Quando dar? Quanto dar? Para quê?
Semanadas – este é o primeiro instrumento que deve ser trabalhado com as crianças. Por volta dos cinco ou seis anos de idade, consoante a maturidade de cada um. Não há um valor pré-definido, mas há um conselho que deve ser seguido: não dar apenas uma moeda, mas dividir o montante em moedas de 10 cêntimos de modo a permitir que a criança faça a divisão por vários mealheiros – poupar, gastar e doar.
Mesadas– quando as crianças já têm mais noção do tempo conseguem gerir o dinheiro durante períodos mais alargados. Estamos a falar da faixa etária 10/11 anos. não há um valor definido, o que deve existir é um acordo entre os pais e a criança no sentido de definir que despesas irá a mesada suportar (por exemplo: transportes, alimentação, vestuário, lazer, etc). No entanto, é fundamental que o valor atribuído permita a poupança, de modo a que a criança não se sinta frustrada e desenvolva a ideia de que não é possível poupar.
Momentos que pode aproveitar para educar financeiramente as crianças.
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